quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

ELOGIOS DO GOVERNO AO RELATÓRIO DO FMI SÃO "OFENSA AOS PORTUGUESES"

António José Seguro acusou o Governo de ter ofendido os portugueses ao elogiar o relatório do FMI e atacou o primeiro-ministro, por não estar “à altura do momento” de crise do país. “Quando o Governo vem elogiar o relatório do FMI, acho que isso é uma ofensa aos portugueses porque aquilo que o Governo está a fazer é elogiar propostas que vêm destruir a coesão social” no país “e não há uma linha sobre o crescimento económico”, criticou.

Segundo o secretário-geral do PS, é preciso “reformar o Estado, mas não se pode confundir a reforma do Estado com cortes cegos e cortes da natureza daqueles que são propostos no relatório do FMI”. “É necessário nós reformarmos o Estado, mas não é necessário nós cortamos naquilo que é essencial para as pessoas, que é na saúde, na educação e na segurança social dos portugueses”, sublinhou.

Para António José Seguro, o Governo “é hoje um Governo desorientado” e “um fator de instabilidade” em Portugal, tendo “dificuldades em apresentar propostas estratégicas” para desenvolvimento nacional. “E aquilo que faz é socorrer-se deste estudo que aponta exclusivamente para cortes que, volto a dizer, são uma ofensa aos portugueses” e “não tem mandato nem legitimidade” para os executar.

O que o Executivo devia ter feito era “ele próprio elaborar estudos e propostas para negociar com o FMI e não pedir estudos ao FMI para agora impor aos portugueses, com esta imposição brutal e com as consequências sociais que todos nós conhecemos”, defendeu. Passos Coelho “está hoje isolado do consenso nacional que existe” no país, ao qual o Presidente da República aludiu, argumentou.

Com as alegadas divergências no seio do Governo em relação ao relatório do FMI, António José Seguro considera que, “neste momento, com essas notícias que vêm a público, com esses desentendimentos, o que se revela é que o Governo é hoje um fator de instabilidade”. “Ora, num momento de crise, em que se pedem tantos sacrifícios aos portugueses, o Governo devia ser precisamente o contrário: um fator de estabilidade, gerador de confiança, que desse sentido aos sacrifícios que exige aos portugueses”, afiançou. E “isso não está a acontecer”, acrescentou, sublinhando: “É por isso que o Governo está isolado e cada vez mais afastado dos portugueses”.

O líder socialista considerou, também, que Pedro Passos Coelho é “um primeiro-ministro resignado, um primeiro-ministro que a única proposta que apresenta aos portugueses é cortes e mais cortes, com a brutalidade daqueles que ele encomendou ao FMI, não é um primeiro-ministro que esteja à altura do momento em que o país está”. Segundo o secretário-geral do PS, “nós temos que acreditar em nós próprios, mas o primeiro a acreditar em nós próprios tem que ser o primeiro-ministro”. “Precisamos de lideranças visionárias, com ambição, que mobilizem, que gerem essa esperança e essa confiança nos portugueses. Não estou a falar de milagres, mas estou a falar daquilo que se exige às lideranças num país que passa pelas dificuldades que temos neste momento”, acrescentou.

Consulte aqui um resumo das propostas, feito pelo Jornal Público.
Consulte aqui o relatório na íntegra, na sua versão original.

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