quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O "CAOS" ECONÓMICO ACTUAL (PARTE I)

“O bater de asas de uma borboleta na China, pode provocar uma tempestade em Nova Iorque”. Esta metáfora bem conhecida, utilizada para ilustrar a teoria do caos, descreve também com bastante eficácia aquilo a que o mundo tem vindo a assistir nos últimos anos com a Globalização.

A globalização está a dar lugar ao globalismo!

O mundo globalizado é uma realidade, a interconectividade da informação, dos negócios, dos investimentos, etc. “Um incêndio numa fábrica da Ásia pode afetar um negócio no outro lado do globo, e com ele influenciar todo um mercado, uma vez que as empresas investem umas nas outras, ou têm negócios em áreas que, de algum modo, se relacionam com a primeira.

As ideias de Adam Smith (1776) originaram o princípio básico da chamada Teoria das vantagens Absolutas: “cada país deve concentrar-se naquilo que pode produzir ao custo mais baixo e trocar parte dessa produção por artigos que custem menos em outros países.” Adam Smith lançou as bases para o argumento do livre comércio, mostrando que o comércio entre as nações era favorável para ambas. Mais tarde, Ricardo surge com o seu paradigma da “Vantagem comparativa”, defendendo que os países devem especializar-se nas áreas de comércio e indústria na qual possuem vantagem comparativa.

Porque é que esta realidade não se parece adaptar ao tempo presente?

A resposta a esta pergunta parece estar no facto de que os ganhos no comércio entre países, permitiriam vantagem recíproca se o capital fosse imóvel. Ora, já desde a segunda guerra mundial que o investimento estrangeiro tem vindo a aumentar tendo tornado, progressivamente, o capital bastante móvel.

Ohlin defendeu que os países desenvolvidos tenderão a especializar-se em produtos de capital abundante e que necessita de pouca mão-de-obra, e os países menos desenvolvidos, mas com grandes quantidades de mão-de-obra barata, especializar-se-ão em produtos mais tradicionais, manufaturados. As poupanças geradas pelos países de mão-de-obra barata, seriam canalizadas, pelo menos uma parte, em rácios maiores de capital em relação à mão-de-obra. Este aspeto evidenciaria uma tendência, para a equalização dos preços e convergência entre países em termos de capital e mão-de-obra. No entanto, enquanto o capital, principalmente o financeiro, é móvel, os movimentos de mão-de-obra não o são tanto, devido a barreiras culturais, familiares e preferências diferenciadas de consumo.

Ora a mobilidade de capital significa a existência de investimento direto estrangeiro que pode substituir o comércio de exportação nacional, fazendo com que companhias nacionais produzam fora, fazendo, eventualmente com que aumentem as importações nacionais, de produtos produzidos por companhias nacionais em território estrangeiro (export substitution effect). Os países ao investirem no estrangeiro, ao colocarem as suas indústrias para minorar os custos de produção, em países cuja mão-de-obra é mais barata, deixam de exportar esses produtos e passam a ser importadores. Uma diminuição do valor da moeda, em teoria deveria promover as exportações. Será verdade para as empresas nacionais. Só que, se uma organização fabrica esses produtos também no estrangeiro, ela estará a competir consigo mesma, provocando dificuldades à filial estrangeira e vice-versa. Para além de que neste momento não podemos tomar a decisão de desvalorizar a moeda...

(Amanhã publicarei a 2ª parte do artigo)

António Pedro Devesa

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