segunda-feira, 4 de março de 2013

QUEM EXAMINA A TROIKA?

Pedro Coimbra
Decorre actualmente a sétima avaliação da Troika ao programa de ajustamento imposto a Portugal. No entanto, pergunto-me, se já alguém avaliou os resultados da política que tem sido imposta a Portugal!

Temo que a Troika tenha vindo, como já o fez no passado recente, para legitimar a continuidade dos falhanços do Governo, abrindo caminho a mais austeridade e ao corte de quatro mil milhões.

Por isso, seria interessante examinarmos nós a Troika. E começamos já a ter dados, relativos a este ano, para o fazermos!

Dos dados da execução orçamental já conhecidos em 2013, referentes a Janeiro, sabe-se que o défice da Administração Central foi de 172 milhões de euros, mais do dobro registado no mesmo mês do ano passado. Que a Segurança Social teve um excedente de 141 milhões de euros, menos 88 milhões que há um ano. Que a despesa da Administração Central aumentou 11,2%. Que a receita de impostos directos aumentou 12,5% mas os impostos indirectos diminuíram 8,1%. A receita do IVA diminuiu 4% e a despesa com o subsídio de desemprego disparou 33,2%.

Ou seja, começa a estar à vista o resultado do Orçamento de Estado para 2013, ainda antes do final do primeiro trimestre. O programa que o Governo e a Troika impuseram ao povo português provocou aumento da recessão, desemprego, calamidade social, emigração, empobrecimento das famílias, falência de empresas, destruição de postos de trabalho e devastação do estado social.

A diminuição de receita fiscal decorre da enorme carga de impostos que o Governo e a Troika resolveram aplicar. A Troika chumba no exame e, juntamente com o Governo, tiveram um rotundo falhanço nas políticas erradas que impuseram. O povo foi metido num espartilho apertado e não aguenta mais austeridade!

É evidente que Portugal e os Portugueses precisam de mais tempo para atingir o equilíbrio orçamental e para gerar condições que proporcionem o crescimento económico. São necessárias soluções políticas europeias alternativas e, por isso, é necessário responsabilizar os líderes políticos das entidades que constituem a Troika: Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. São, em primeiro lugar, os líderes máximos destes organismos, e não os técnicos que nos visitam pela sétima vez, que são os responsáveis pelo desastre das medidas e pelo afundanço do País.

A Troika veio examinar o País. Mas a Troika devia autoavaliar-se. Como não dá mostras de o fazer, e o Governo é fraco na defesa do povo português, há que dar voz ao povo na avaliação da Troika. E já agora, na avaliação do Governo. Foi isso que cerca de milhão e meio de portugueses, nos quais me incluo, fizeram no sábado nas ruas das principais cidades do País!

Pedro Coimbra
Presidente da Federação de Coimbra do Partido Socialista

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