sexta-feira, 8 de março de 2013

ÁI PORTUGAL, PORTUGAL...

Elsa Rodrigues
Apresento-vos Portugal, onde em 2013 somos um país com 1 milhão de desempregados, o maior número de que há memória... Onde o Primeiro-Ministro deste país considera que o salário mínimo nacional, de 485€, que ele jamais terá recebido na vida, é elevado, e que a sua redução seria uma excelente forma para a erradicação dos 18% de taxa de desempregos que temos! Se ele baixasse o seu próprio salário e do resto do governo, e promovesse a credibilização da classe política, tornaria o país muito mais justo e equilibrado!

Estamos num Portugal em que 40% do desemprego é jovem. Um país no qual, estão a surgir novas classes laborais, os “estagiários profissionais” e os “expatriados qualificados”. Um país onde estudam e se formam milhares de mentes brilhantes por ano, que constituem o futuro da nação e que esperam pelo milagre da oportunidade de estágio numa qualquer empresa, remunerados ao preço da chuva; ou que fazem as malas e rumam além-fronteiras, para em muitos casos nunca mais voltarem. Sim, temos um governo que desperdiça talentos valiosos!

Pior que isto, estamos num país em que se aprovou uma legislação laboral que protege o despedimento rápido, barato, facilitado e por inadaptação, onde se acumulam horas em bancos e que mantém, paralelamente, uma figura jurídica designada de trabalho suplementar (remunerado) apenas para ficar bem na fotografia. Este é o país com menos tempo de descanso e em que os tempos de trabalho são mais flexíveis e baratos, tudo em prol de uma maior produtividade. Temos um Governo que nada faz pelo emprego permanente garantido aos jovens. Aliás, estamos no país do aprazamento dos contratos, das actividades sazonais e da precariedade. Estamos num país verde, mas não pelo ambiente! Estamos num país verde sim, mas pelos recibos!

Vivemos num país que reúne todas as condições para continuar a aumentar a sua taxa de desemprego, e onde Passos Coelho apregoa que “o desemprego pode ser uma oportunidade”. Podê-lo-ia ser de facto, se estivessem reunidas todas as condições para tal. No entanto, o estado português abandona completamente os desempregados, falha no apoio psicológico aos mesmos e diminui-lhes os subsídios de desemprego, chegando a permitir que se enviem cheques de rendimento social de inserção no valor de 8€.

Este é um estado que se defende com o Empreendedorismo e que incute a ideia de que ser empreendedor é simples, fácil e eficaz, mas que na hora da verdade não cria condições reais para que estes possam formar as suas próprias empresas, asfixiando-nos com impostos.

Estamos em Portugal, um país no qual o Governo já destruiu mais de 350 mil postos de trabalho. Um país em que a taxa de desemprego irá continuar a aumentar e a da população empregada a cair. Um país privatizado, a perder a sua identidade, a braços com uma das maiores crises sociais de sempre e que se manifesta sem precedentes. Por falar em manifestações, é de louvar que estas tenham ressuscitado o nosso Presidente da República, que ao fim de 5 semanas em que se deu como “morto”, resolveu dizer que as vozes dos manifestantes deveriam ser ouvidas. Contudo, ele próprio deveria falar mais alto, já que até Passos Coelho lhe faz ouvidos “moucos” e se revela incapaz de compreender os motivos de tanta manifestação.

Aqui, quem governa, não vive certamente, apenas com 485€ de salário mínimo. A quem governa falta efectivamente passar pela experiência de estar desempregado, ter contas para pagar, bocas para alimentar, sorrir, andar de cara alegre e rezar para não adoecer, tendo em conta o preço a que a saúde se encontra. Talvez assim fosse mais fácil entender o que leva um país inteiro a manifestar-se. Sim, só assim é que o Sr. Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, já tantas vezes “enforcado” de norte a sul deste país, iria entender que estamos todos mais pobres e sem oportunidades de crescimento por culpa deste seu (des)governo. Só assim entenderia que não há mais de onde tirar 4 mil milhões de euros. É caso para dizer que ele é o Coelho e nós é que somos esfolados!

No meio deste caos, subsistem no país 28 ilhas isoladas onde a taxa de desemprego ainda não chegou aos dois dígitos, quase metade da média nacional…. Condeixa é uma delas! Até nisto há que manter o rumo!

Elsa Rodrigues
Membro da Comissão Política Concelhia de Condeixa do Partido Socialista

Sem comentários:

Enviar um comentário