quarta-feira, 31 de outubro de 2012

MAIOR OLHO QUE BARRIGA

Nos últimos tempos, ouvimos muito falar de dívida pública e da necessidade de Portugal cumprir o que fixou no memorando com a troika. Mas pergunto, e a dívida privada? O antigo diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), o francês Dominique Strauss-Kahn, já tinha afirmado, em 2011, que em Portugal “o problema não é tanto de dívida pública como de financiamento dos bancos e dívida privada”.

E se pesquisarmos informações sobre a dívida privada, rapidamente concluímos que Portugal é um dos países com maiores níveis de endividamento privado em percentagem do PIB, na Europa. Segundo dados do Banco de Portugal, a dívida pública portuguesa representa 138% do PIB, incluindo o sector empresarial do Estado (27%) e excluindo o sector financeiro do Estado. Já a dívida privada representa 280,3% do PIB, isto é, famílias e empresas privadas são responsáveis por 479 mil milhões de euros (excluindo-se o sector financeiro privado).

Infelizmente sabemos que os portugueses estão sobre endividados, vivendo acima dos seus limites. Qual o dia em que não aparecem notícias nos meios de comunicação a anunciar a entrega de casas pelos portugueses que não conseguem pagar o empréstimo? Quem não ouve um vizinho, um familiar que fale das suas dívidas por ter vários créditos para fazer face às (excessivas) dívidas?
Estudos referem que a taxa de poupança em Portugal ronda os 8% do PIB, contrastando com os cerca de 22% da Alemanha, Áustria, Holanda e Luxemburgo. Por que razão o Governo não aposta nas reformas estruturais em detrimento da austeridade fiscal? Hoje Dia Mundial da Poupança é um ótimo dia para pensar onde podemos poupar no nosso dia-a-dia.
Nelson Moura

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