quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

TrAPalhada!

TAP, para além do seu valor comercial, tem um valor intangível demasiado elevado para o que se tem passado à sua volta. É a maior exportadora nacional e tem uma ligação importantíssima às comunidades portugueses espalhadas pelo mundo e aos países de língua oficial portuguesa. É uma marca nacional de prestígio internacional e uma das com que os portugueses mais de identificam. E é uma empresa estratégica para Portugal. Privatizá-la na totalidade já é grave! Privatizá-la num processo como aquele que terminou, para já, esta semana, seria perto de criminoso.

Depois de um processo confuso e pouco transparente, o único concorrente à privatização da empresa não foi capaz de apresentar as garantias necessárias e obrigatórias para concretizar o negócio. Ainda bem! Escreveu-se direito por linhas tortas!

O Sr. Gérman Efromovich, empresário de múltiplas nacionalidades, ia fazer milagres com a transportadora área, injectar muitos e muitos milhões mas não foi capaz de apresentar as garantias bancárias porque, segundo explicações do próprio, e que espantam, só contava apresentar as garantias no dia 27 de Dezembro após o negócio se concretizar. Das duas uma: ou as condições da venda apresentadas pelo Governo não eram claras quanto ao momento da apresentação das garantias ou o empresário está mal acompanhado nas suas assessorias jurídicas. Seja qual for a justificação, é só mais um exemplo entre muitos outros da total confusão à volta deste processo.

Felizmente, o Governo recuou! Demonstrou clarividência no momento da decisão final. Mas nem devia ter avançado tanto… Devia, há muito, ter percebido que não havia condições para avançar com o negócio. Sou dos que penso que a privatização não é a única saída para a TAP. Pelo menos a privatização total. Provavelmente, será até a pior solução para a empresa e, sobretudo, para o País.

Chegados aqui, manda agora o bom senso parar para olhar à volta e pensar! A TAP é uma empresa viável, com rotas lucrativas e com outras que têm de ser equacionadas pois são essas que a estão a arruinar. Reajustar a actividade comercial da empresa e privatizar uma parte mantendo a maioria do capital social nas mãos do Estado português pode ser uma solução interessante para todos. Permitiria injectar alguns dos tais milhões, que a TAP precisa para se recapitalizar, abrir portas a um parceiro estratégico que valorizasse a actividade e a gestão da empresa, mantendo o Estado a soberania protegendo-se assim os interesses estratégicos nacionais.

No entanto, o que me assusta como português e como cidadão, é a forma leviana como o meu País está a ser vendido ao desbarato. Por meia dúzia de trocos e com processos tratados de forma leviana, metem-se à venda marcas identitárias de todos nós como se fossem mera mercearia. TAP, RTP e ANA, entre outras, são trapalhadas deste Governo que estão a sair muito caras ao País!

Pedro Coimbra
Presidente da Federação de Coimbra do Partido Socialista

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