Pedro Coimbra |
Há muralhas invisíveis que se opõem às pessoas, ameaçando a cidadania que até aqui podíamos usufruir com liberdade e quase sem reservas. O orgulho de uma cidade segura, onde podemos permanecer garantidos pelo respeito de uns pelos outros – nunca comparável a outras realidades de violência e criminalidade que apenas conhecemos pelos noticiários – começa a afigurar-se indelevelmente fragilizado.
Poderão as pessoas viver
descansadas na sua cidadania quotidiana? Os argumentos que aqui quero partilhar
caminham na direcção da previsível resposta…
Uma pequena reflexão
encaminha-nos para a percepção de que Coimbra, durante tanto tempo um reduto de
exemplos que a engrandeceram, tornou-se permeável à criminalidade violenta que
vem empurrando as pessoas contra as cordas da insegurança e do desassossego.
Habituámo-nos a ler nas manchetes dos nossos jornais a alusão aos assaltos
frequentes e às lojas subtraídas ao vazio das montras. Deparamo-nos agora com
um novo fenómeno que não era de todo comum em Coimbra, o carjacking, ou
seja, o roubo de carros com ameaça à integridade física do condutor, com o
recurso a armas de fogo.
Este crime violento, que
estava circunscrito a grandes e movimentados centros urbanos, habitualmente
indicia a existência de redes organizadas e é descrito pelas autoridades como
uma ocorrência de extrema violência.
Encontramo-lo agora também
na nossa Cidade de Coimbra outrora pacífica, calma, pacata e segura. No centro urbano
de Coimbra passou a haver carjacking e crimes à mão armada! Ora, não
podemos deixar de reflectir sobre o que está a acontecer à Cidade e ao País.
As políticas de austeridade
e de magreza cívica que são seguidas em Portugal têm como consequência
acentuados declives entre as pessoas, uma ampla degradação das classes sociais
e uma cada vez maior pobreza e mais abrangente calamidade. Estou em crer que a
desestruturação dos pilares da nossa sociedade espelha resultados nefastos,
entre eles o aumento da insegurança nas ruas – já ao nível da criminalidade a
que só estávamos habituados a ver em países como a Venezuela ou a África do
Sul.
De facto Coimbra, durante
tanto tempo considerada uma cidade segura, com qualidade de vida acima da
média, tem vindo a degradar-se sucessivamente no que tem para oferecer aos
cidadãos e apetece perguntar que Cidade e que País estamos a construir.
Em Coimbra e em Portugal,
estamos a regredir décadas!
Apesar da total ausência de
políticas que invertam (ou mostrem preocupação de inverter), em Coimbra, a
delinquência violenta com recurso a armas de fogo, comparável a cidades
terceiro-mundistas, quero deixar uma palavra de conforto e de reconhecimento às
forças policiais que temos pois, com cada vez menos recursos, vão tentando
minimizar e combater a criminalidade galopante nas ruas com grande competência
e pronta capacidade de resposta.
Pedro Coimbra
Presidente da Federação de Coimbra do Partido Socialista
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