Elsa Rodrigues |
Estamos
num Portugal em que 40% do desemprego é jovem. Um país no qual, estão a surgir
novas classes laborais, os “estagiários profissionais” e os “expatriados
qualificados”. Um país onde estudam e se formam milhares de mentes brilhantes
por ano, que constituem o futuro da nação e que esperam pelo milagre da oportunidade
de estágio numa qualquer empresa, remunerados ao preço da chuva; ou que fazem
as malas e rumam além-fronteiras, para em muitos casos nunca mais voltarem.
Sim, temos um governo que desperdiça talentos valiosos!
Pior que
isto, estamos num país em que se aprovou uma legislação laboral que protege o
despedimento rápido, barato, facilitado e por inadaptação, onde se acumulam
horas em bancos e que mantém, paralelamente, uma figura jurídica designada de
trabalho suplementar (remunerado) apenas para ficar bem na fotografia. Este é o
país com menos tempo de
descanso e em que os tempos de trabalho são mais flexíveis e
baratos, tudo em prol de uma maior produtividade. Temos um Governo que nada faz pelo emprego
permanente garantido aos jovens. Aliás, estamos no país do aprazamento dos
contratos, das actividades sazonais e da precariedade. Estamos num país verde, mas
não pelo ambiente! Estamos num país verde sim, mas pelos recibos!
Vivemos
num país que reúne todas as condições para continuar a aumentar a sua taxa de
desemprego, e onde Passos Coelho apregoa que “o desemprego pode ser uma oportunidade”.
Podê-lo-ia ser de facto, se estivessem reunidas todas as condições para tal. No
entanto, o estado português abandona completamente os desempregados, falha no
apoio psicológico aos mesmos e diminui-lhes os subsídios de desemprego,
chegando a permitir que se enviem cheques de rendimento social de inserção no
valor de 8€.
Este é um estado que se defende com o
Empreendedorismo e que incute a ideia de que ser empreendedor é simples, fácil
e eficaz, mas que na hora da verdade não cria condições reais para que estes
possam formar as suas próprias empresas, asfixiando-nos com impostos.
Estamos
em Portugal, um país no qual o Governo já destruiu mais de 350 mil postos de
trabalho. Um país em que a taxa de desemprego irá continuar a aumentar e a da
população empregada a cair. Um país privatizado, a perder a sua identidade, a
braços com uma das maiores crises sociais de sempre e que se manifesta sem
precedentes. Por falar em manifestações, é de louvar que estas tenham
ressuscitado o nosso Presidente da República, que ao fim de 5 semanas em que se
deu como “morto”, resolveu dizer que as vozes dos manifestantes deveriam ser
ouvidas. Contudo, ele próprio deveria falar mais alto, já que até Passos Coelho
lhe faz ouvidos “moucos” e se revela incapaz de compreender os motivos de tanta
manifestação.
Aqui, quem
governa, não vive certamente, apenas com 485€ de salário mínimo. A quem governa
falta efectivamente passar pela experiência de estar desempregado, ter contas
para pagar, bocas para alimentar, sorrir, andar de cara alegre e rezar para não
adoecer, tendo em conta o preço a que a saúde se encontra. Talvez assim fosse
mais fácil entender o que leva um país inteiro a manifestar-se. Sim, só assim é
que o Sr. Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, já tantas vezes “enforcado”
de norte a sul deste país, iria entender que estamos todos mais pobres e sem
oportunidades de crescimento por culpa deste seu (des)governo. Só assim
entenderia que não há mais de onde tirar 4 mil milhões de euros. É caso para
dizer que ele é o Coelho e nós é que somos esfolados!
No meio deste
caos, subsistem no país 28 ilhas isoladas onde a taxa de desemprego ainda não
chegou aos dois dígitos, quase metade da média nacional…. Condeixa é uma delas!
Até nisto há que manter o rumo!
Elsa Rodrigues
Membro da Comissão Política Concelhia de Condeixa do Partido Socialista
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