quinta-feira, 26 de abril de 2012

DA LIBERDADE II


Certas democracias antigas, para se defenderem dos excessos de cidadãos demasiado poderosos, com ambições que ameaçavam a liberdade, desterravam temporariamente estes, como forma de defender o bem comum. Este fenómeno não só parece atual como é evidente aos olhos de todos. Os mercados estão a ameaçar a liberdade dos estados.

O último sinal neste sentido advém da seguinte constatação: logo que se soube que François Hollande, candidato de esquerda, liderava as intenções de voto para as presidenciais em França, os mercados reagiram com uma subida dos juros da dívida Francesa. Então os mercados querem condicionar a livre escolha do povo Francês? Sim! Livre! Isenta de pressões! Os mercados e os seus especuladores não podem, não devem, não têm qualquer legitimidade para eleger, condicionar, influenciar a escolha de um povo.

Será que temos de fazer como essas antigas democracias? Ostracizar os mercados? Congelá-los temporariamente? O poder político tem de ser dos estados e não de forças especulativas ocultas, que ganham dinheiro em segundos com um sopro de notícia, anunciando desgraças, dando avaliações com critérios tecnocráticos, em que o peso do número negativo é exponencialmente superior ao indicador positivo.

A volatilidade dos mercados é a nova ameaça! Há que regulá-los! A Europa necessita de uma viragem à esquerda. Uma esquerda que combata a visão miserabilista, contabilística e de travagem económica global. Acredito nesta nova vaga dos socialistas europeus. Mais consciente dos seus próprios erros do passado, e por isso em condições de promover o progresso e a evolução positiva da economia. Necessitamos de um novo Keynes como afirmou na semana passada Freitas do Amaral.

Pedro Devesa

1 comentário:

  1. «Acredito nesta nova vaga dos socialistas europeus. Mais consciente dos seus próprios erros do passado...».
    Oh camarada António Pedro, já sabíamos que era homem de fé, mas que desabafo é este? Então não vinha correndo tudo bem com as governações socialistas?
    E, já agora, Freitas do Amaral... o novo mentor do PS de Condeixa. Quem diria?

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