sábado, 4 de fevereiro de 2012

Da liberdade


O conceito de liberdade é usado com frequência nas suas diferentes acepções conforme o jeito que dá àquele que dela faz uso, servindo para justificar a sua ideologia e enfatizar uma suposta irrefutabilidade das suas ideias; uma espécie de “Brand Name” para conferir credibilidade.
Vivemos num Estado Republicano (espero que a palavra signifique ainda alguma coisa às pessoas), laico e que assenta, no pós 25 de Abril, no estado social como premissa inalienável.
Também é valor desta democracia que a nossa liberdade acaba quando, pelo uso da mesma, anulamos a liberdade dos outros. Ao privarmos os outros de liberdade estaremos a entrar no campo da libertinagem.
Uma das bandeiras deste neoliberalismo que comanda o nosso país e a lógica europeia (lógica Merkozy) é a liberdade do mercado. O mercado auto-regulado deu os resultados que se conhecem com o subprime americano, que num tsunami progressivo, está a varrer o mundo.
Um estado mínimo não é sinónimo de nação eficiente. Um estado deve diminuir as suas gorduras - Estaremos de acordo nesse ponto. Mas não deve ser mínimo como entidade reguladora, e responsável por domínios que se querem públicos. Eficientes, mas públicos!
O mercado auto-regulado é sem dúvida sinónimo de uma libertinagem económica. Aqueles que num dado momento se conseguiram evidenciar e se tornar mais fortes, partem de situação privilegiada, com vantagem competitiva e logo dominantes, anulando qualquer tentativa de outros em competir em situações de igualdade.
A chamada liberdade económica anula a liberdade dos outros, cria, de forma crescente, desigualdade competitiva.
A liberdade apregoada não é liberdade! É libertinagem económica. É o fim do estado social, o fim da verdadeira liberdade.
O Estado social aliado a uma regulação forte do mercado, permite um maior equilíbrio de forças, e que os pequenos não sejam engolidos por cada vez menos elites, mas mais poderosos.